Porto Alegre não está preparada para tratar usuários de crack a longo prazo, afirma juiz
José Antônio Daltoé afirma que 80% dos adolescentes que estão da fase tem envolvimento com o crack
No Rio Grande do Sul, onde cerca de 200 mil gaúchos são usuários de crack, o único local que disponibiliza, pelo SUS, uma ala para tratar crianças viciadas na pedra é o Hospital Psiquiátrico São Pedro. Apenas dez leitos. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade na manhã de hoje, o juiz da Infância e da Juventude José Antônio Daltoé Cezar afirmou que as clínicas para tratamento de desintoxicação não estão habilitadas junto ao Ministério da Saúde para lidar com o atendimento a longo prazo, nem os equipamentos estão prontos para efetuar este tipo de tratamento.
— As clínicas que existem, em regra, elas não estão habilitadas junto ao Ministério da Saúde e nós não temos como determinar a compra de vagas junto à elas — explicou o juiz, afirmando que o tratamento de curto prazo tem poucas chances de surtir resultado.
— O traficante está ali do lado e o apelo é muito grande para que volte à droga e em mais de 90% dos casos é isso que vem a ocorrer.
Segundo o juiz, 80% dos adolescentes que estão da fase tem envolvimento com o crack. Ele reforçou a tese de que o tratamento exige um acompanhamento durante alguns meses para evitar que o vício volte.
— O crack é uma droga muito invasiva na vida da pessoa. Não basta aqueles 20, 40 dias de internação.
Daltoé destaca que em Porto Alegre, seguindo determinação judicial, é possível internar crianças e adolescentes em clínicas particulares através da compra de vagas.
— O primeiro atendimento em Porto Alegre está solucionado, mas depois nós não temos para onde encaminhar essas crianças e adolescentes para que eles fiquem meses em acompanhamento.